10/09/2009

Salvador Allende



Amanhã, 11 de Setembro de 2009, passam 36 anos sobre a morte deste Homem e aqui deixo a minha homenagem ao Presidente Salvador Allende relembrando meia dúzia de factos:
- Primeiro Presidente marxista a ser eleito livremente na América Latina
- Fez o seu último discurso às 9h10m do fatídico dia tendo como pano de fundo da gravação o ruído da força, os estampidos do bombardeio golpista, do qual saliento o trecho a seguir
"Não vou renunciar! Colocado nesta encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que foi plantada na consciência digna de milhares e milhares de chilenos não poderá ser ceifada definitivamente. Eles têm a força, poderão nos avassalar, porém não se detêm os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos".

Com a vida pagou.

Numa rara e preciosa súmula de coragem, dignidade e fé na vida, com a lucidez de quem sabia estar a fazer o último discurso assume tons de Neruda na conclamação final:
"seguramente, a Rádio Magallanes será calada e o metal tranquilo da minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Seguirão me ouvindo. (...) Sigam sabendo vocês que, muito mais cedo do que tarde, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor".

No dia seguinte ao assassinato de Salvador Allende, corriam mundo os versos fortes do grande poeta andaluz, Rafael Alberti:

"Ontem, no Chile, morreu um homem
Hoje mesmo, milhares de outros já se levantam
A morte não acaba nada!"

Se os seus opositores “temerários covardes” tivessem um décimo da sua dignidade saberiam que, um homem que lutou até a morte na defesa da legalidade, teria sido capaz de sair pela porta da frente do Palácio de La Moneda, de cabeça erguida, se o Congresso o houvesse destituído dentro dos parâmetros definidos pela Constituição.

Há quem defenda a tese do suicídio e como tal deixo aqui uma frase daquele que era, à data, Presidente dos E.U.A. e que declarou à imprensa que aquilo que os Estados Unidos fizeram no Chile "foi nos melhores interesses do Povo chileno e certamente nos nossos melhores interesses".

Excertos tirados de: Fábio Luís - no Correio da Cidadania em Setembro de 2003